domingo, 28 de junho de 2015

Sobre "modinha"

"Somos todos iguais perante Deus"
"Somos todos pecadores"
"Não julgues para não serdes julgados"

Estas são apenas algumas expressões que ouvimos nas nossas igrejas. Expressões que se perdem fora do templo religioso, pois do lado de fora, o que ouvimos é uma série de críticas sobre uma simples mudança de foto nas redes sociais.

Não que todos sejam obrigados a concordar com as relações homoafetivas, nem tampouco são obrigados a comemorar por uma lei que garante aos tais casais o direito que nós heteros temos desde que foi instituída a união civil. Mas, acima de qualquer coisa, está o direito de se expressar livremente. Alguém pode dizer "mas eu estou no meu direito de criticar". Respondo com outra frase de efeito "meu direito não pode ferir o direito alheio".

Eu tenho o direito de não trocar a foto do meu perfil. Essa atitude não me impede de estar de acordo com a decisão da Corte Americana. Eu não preciso de bandeiras para provar o que acredito. Mas é um direito legítimo do ser humano ter suas bandeiras e de hastearem-nas em comemoração de suas vitórias. Vocês julgam alguém que veste a bandeira nacional quando seu time é campeão? Jogam pedras em quem usa as cores do seu time favorito em dias de jogo? Reclamam daqueles que usam a bandeira do estado estampada em camisas e bonés? Compram "caboclo de lança" para enfeitarem as salas de estar?

Por que então uma foto colorida na rede social te ofende tanto? Por que fere teus princípios? Por que usar a foto de crianças famintas para justificar a sua revolta pessoal? Se a fome te incomoda, lute contra ela. Mas não use como desculpa para agredir o direito alheio de comemorar algo que lhes é importante.

Eu também já fui contra o casamento gay. Mudei de opinião por estar com a mente sempre aberta ao diálogo. Não é vergonhoso mudar de opinião. O diálogo sempre foi e sempre será o melhor caminho para tudo. As pessoas temem discutir, argumentar. Temem as críticas e os "castigos divinos". O Deus em que acredito é o Deus do amor, não da intolerância e da vingança. Não o Deus vaidoso que quer apenas glórias para si. Que só se importa com quem exalta o Seu Nome. Se Deus me ama com meus defeitos não é porque eu estou na Igreja todos os domingos orando por ele. Mas simplesmente porque ele ama. E quem sou eu pra dizer o que Deus acha certo ou não? Se o maior mandamento é "Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo". Agora pergunto: você que critica seu próximo por uma foto de facebook, está amando-o?

Quanto ao termo "modinha", bem, pode ser uma moda. Mas como toda moda, passa. Então não se importe tanto, porque isso passa. Quanto ao direito, graças à Deus, este fica. E por mais que incomode, ele irá perdurar. E se te incomoda que as pessoas tenham o mesmo direito que você, pense se você gostaria de ter seus direitos negados. Pense em sua situação daqui a 40 anos, você perde seu companheiro, a casa que estava em nome dele e a sua renda. E você há de viver com o que? A dor, a saudade. Se você se colocar no lugar do outro, vai entender o que o outro sente. Não custa muito. É um exercício de humanidade.

Mais uma vez reitero, não precisa concordar. Mas é imperativo que se respeite.

terça-feira, 9 de junho de 2015

Sobre respeito, religião e sexualidade. Vivendo num mundo de intolerância.

Nas últimas semanas nos deparamos com mais capítulos de intolerância. A mídia lança uma campanha, o ódio e a intolerância se proliferam. Acontece uma parada LGBT e a intolerância religiosa e desrespeito aos dogmas cristãos são camuflados com frases de "liberdade de expressão".

E assim, a melhor defesa acaba sendo o ataque. E não há consenso. Não há trégua, pois as partes não procuram se respeitarem.

Qual o problema real em se ter um comercial que retrate tipos diversos de casais? Você mudaria de opção sexual por causa de um modismo ou de uma propaganda bonita. Você fumaria crack se a embalagem fosse bonita? Você se veste de acordo com seu gosto pessoal ou cede à moda? Tudo isso passa por quem você é. Se você é hetero, um comercial não vai mudar isso. Se você é gay, uma falsa "cura", uma imposição social ou religiosa não vão mudar quem você é.

Mas isso te dá o direito de agredir aos religiosos, usando e zombando de seus símbolos? Que benefício você tira ao retratar Jesus beijando outro homem? Ou retratar um padre ou pastor, muçulmano ou rabino como homossexual? Como conseguir o respeito dos cristãos se o símbolo máximo de Jesus na cruz é escarnecido por uma travesti seminua em carro alegórico?

O problema é por ser travesti? De forma alguma. O problema é por criar uma polêmica desnecessária. É agredir o outro para conseguir a sua liberdade. Mas não existe liberdade de direito quando não respeitamos o direito do outro. Isso inclui respeitar os dogmas as imagens ou qualquer outro símbolo que o outro utilize. Não há necessidade de agressão mútua.

Não estou aqui para defender um ou outro segmento. Escrevi posts anteriormente sobre liberdade, intolerância e revisão de conceitos sobre ordem familiar. Aqui apenas friso que não há mocinhos ou bandidos nesta relação. Existe sim a intolerância mútua. E o radicalismo de parte à parte, que dificulta o diálogo e o entendimento.

Boicotar a marca de perfume vai impedir de existirem gays? Tirar um comercial ou uma novela do ar vai mudar algo na sociedade? Apenas trará de volta o fantasma da censura. Perseguir a travesti que foi "crucificada" apenas lhe dará a mídia que ela mesma buscou. E continuamos combatendo fogo com fogo. Preconceito com preconceito. Intolerância com intolerância. E esse ciclo vicioso não cessa.

Gostaria que todos tivéssemos a coragem de fazer o que Jesus nos pediu há 2 mil anos: perdoar é oferecer a outra face. Pois ele foi humilhado, cuspido, linchado e crucificado por ser diferente. Mas em momento algum respondeu com agressão ou mesmo atacou verbal ou moralmente quem lhe humilhava.

Por mais que nos achemos "evoluídos" ou "moralmente superiores", não conseguimos o básico. Amar ao próximo, com suas diferenças e defeitos. Não somos todos iguais, nem nunca seremos. É errado tentar moldar i outro ao que você julga ser o certo. Então que tal um exercício de humanidade ao respeitar o outro?

Preconceito existe. Ninguém é perfeito. Mas o respeito deve ser superior. Ame e respeite, mesmo que não concorde. A vida dos outros não é sua para querer controlá-la. Viva a sua vida e respeite a vida, os dogmas e a liberdade política, social, sexual e religiosa dos outros.

Artigos relacionados:

http://oladoobscurodalua.blogspot.com/2011/11/o-homossexualismo-e-intolerancia.html

http://oladoobscurodalua.blogspot.com/2013/04/em-defesa-da-familia-polemicas-e.html