quarta-feira, 31 de outubro de 2012

A Questão dos Guarani-Kaiowás

Perseguição, homicídios, suicídio coletivo. Às margens do rio Hovy um povo chora, clama no escuro. Um povo esquecido pela justiça, ignorado pela mídia e dizimado por pistoleiros. Os Guarani-Kaiowás pedem socorro, mas já sem esperança. Pedem o direito de morrer na terra de seus ancestrais.

O local é uma fazenda dita privada. Pyelito Kuy-Mbrakay, como é conhecida pelos índios, está ocupada por estes há 1 ano. São 170 seres humanos, homens, mulheres e crianças, espremidos e perseguidos, lutando pelo direito de viver livremente no seu local de origem. São chamados de "invasores". Como pode ser chamado de invasor aquele que primeiro habitou a terra? Só porque alguém fincou uma bandeira e cercou uma porção de terra não significa que este é o dono de direito. A terra foi comprada? Quem foi o vendedor? Alguém que igualmente invadiu, expulsou e matou nativos, fincou uma bandeira e cercou de arame farpado a terra. E agora a Justiça expulsa mais uma vez os verdadeiros donos da terra.

Nas redes sociais, mobilizações. É a opinião pública se manifestando após tantos anos na ignorância sobre tais conflitos. Os novos meios de comunicação viabilizam a chegada da informação aos que no passado apenas tinham conhecimento do que era vinculado pela mídia. E chacina de índios não "dá IBOPE".

O que vemos e ouvimos é apenas a ponta do iceberg. Questões políticas e econômicas são determinantes para que esta situação se torne cada dia mais calamitosa. Afinal a agricultura indígena é de subsistência e fazendeiros geram renda e movimentam a economia da região. A questão se torna mais difícil de ser resolvida porque há muito dinheiro envolvido no jogo.

Os puristas dirão que os índios já estão "civilizados" demais e que deveriam "trabalhar como qualquer um". Índios não são preguiçosos ou vagabundos como nos forçaram a acreditar. O fato de não terem uma carteira de trabalho ou de não recolherem tributos ao Imposto de Renda não diminui e nem descaracteriza a atividade trabalhista do nativo. Ele planta, pesca e caça. Ele fabrica os itens que farão parte de seu uso pessoal e da tribo. E se achar importante para si ou para a tribo, ele comercializará os seus produtos e se submeterá às tarifas impostas pelos nossos "leões".

O índio não quer apito, quer respeito. Quer apenas o que lhe é direito. Os Guarani-Kaiowás estão morrendo pela mão de ferro do nosso sistema. Sem direitos e sem a assistência devida. A polícia não se envolve, não defende suas vidas. Os sistemas de saúde não lhes chega. Morrem pela desnutrição, pelas epidemias e pela força das terras sem lei, onde a bala é a resposta aos problemas territoriais.

Aquele que tiver olhos: veja. Aquele que tiver ouvidos: escute. Aquele que tiver boca: fale. Aquele que tiver princípios: lute. Aquele que não tiver consciência: que lave suas mãos!!!!

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Nosso Castelo de Cartas

Começam a cair os reis da corrupção. Os fantoches caem primeiro e maior é a sua queda. Caem aos pares, aos trios e quartetos. Caem junto com a confiança de todos nós.

O primeiro a cair se prende à corda que segura os demais. Sabe que seu destino é o abismo, mas não irá sozinho. Levará consigo quem conseguir. Não são todos os que cairão. Mas ao menos veremos ser resgatada uma pequena parcela da dignidade perdida deste país de malandros e corruptos.

O escândalo foi um entre tantos outros. Outros esquecidos, perdidos no tempo e na memória dos presentes. Muitos se revoltam pelos julgamentos de hoje, mas estes são uma luz no fim do túnel para um amanhã melhor. Nossa história está fortemente marcada pela roubalheira e pelo descaramento dos nossos representantes políticos. Punir os culpados, mesmo que em sua minoria, é urgente e necessário se quisermos ter esperanças de um futuro mais digno.

Não se trata de uma questão partidária. Aliás neste país, partidos não mais do que siglas. Siglas que indicam o caminho que não será seguido pelos governantes. Os partidos pregam ideologias que nem eles mesmos sabem da real significância. Não existe o ideal político, e sim o desejo do enriquecimento próprio. Somos todos capitalistas, disfarçados, camuflados. O discurso é belo até que a realidade surge de fato.

O sistema de governo não muda devido ao partido no poder. O que deveria mudar era o foco das ações, mas estas também não mudam. E os vícios da corrupção são transmitidos como praga, peste, infecção social. Qualquer ação que tente controlar a contaminação é louvável. É preciso sim que os reis marchem para a guilhotina moral, que sejam despidos de sua honra perante a sociedade. Que sejam humilhados e levados à julgamentos que exponham suas piores faces. Precisamos de exemplos, de condenados que façam crescer o medo em nossos representantes atuais. Se não há o comprometimento com a justiça por força da moral, que se obrigue pela força da lei e do medo.

Não elevo os juízes ao nível de heróis. Eles estão cumprindo o papel ao qual foram destinados e trilhando o caminho por eles escolhido. Heróis são aqueles que travam batalhas diárias para manterem-se vivos. Aqueles que acordam todo o dia sem a certeza de que terão algo para comer ou beber. E estes heróis só existem em virtude da existência dos vilões que desviam milhões da nossa sociedade.

Os crimes do passado podem nunca virem a ser julgados. Mas isso não é desculpa para que deixemos de julgar os crimes mais recentes. Eles são os exemplos de amanhã, para que se iniba a corrupção, que se recupere a dignidade e a confiança do nosso povo em nossa política.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Vivo Por Ti

Vivo por ti pois por mim não sei viver.
Por mim não viveria sem ti
Não sei existir por mim apenas
A existência parece-me inútil
Vivo por ti para poder existir
O dia inexiste sem a noite
O escuro não tem sentido sem o claro
Vivo à espera de ti
Observo-te de longe, cuido de ti
Não busco para mim tesouros
A maior riqueza é o teu sorriso
Vivo a pensar em ti
Nada tenho a oferecer-te, a não ser minha devoção
Espero por ti
Amo-te em silêncio
Sigo vivendo em virtude de tua existência.