quarta-feira, 27 de novembro de 2013

O Tempo

E eis que é chegado o tempo de deixar o tempo agir
O tempo que se diz dono da razão.
O tempo que domina toda a nossa ação.

É chegado o tempo em que perdemos o domínio sobre as coisas
Angústia e paciência se misturam
Estou inerte perante minha impossibilidade de mudar o tempo.

O amanhã está nebuloso
A bruma é por demais espessa para que vislumbre a luz que irradia por trás dela
O tempo me domina

No céu, não vejo estrela
A escuridão me domina
O tempo está fechado e o sol se perdeu por trás de uma colina

É tempo de deixar o tempo agir
Agir pelo mal presente
Agir pelo bem futuro

O tempo está ciente de que não é tempo de luz
É tempo de reflexão
É tempo de pedir uma mão

O tempo pede um tempo pra deixar o sol brilhar
Não há de ser já
Deixemos o tempo determinar.

sábado, 23 de novembro de 2013

Repouso em Mim

Repouso em mim
Em minha respiração acelerada
Repouso em minhas pernas cansadas
Minhas pernas que não suportam o peso do meu corpo

Repouso em mim
Em meu coração descompassado
Em minha mente dormente
Repouso na inércia da minha alma

Repouso em mim
Na incredulidade da vida
Repouso na carícia do sonho
Sonho este que há muito se perdeu

Repouso em mim
No que sou e no que fui
Repouso na ideia de ser um dia
Repouso na minha fantasia

Repouso em mim
Nas escuras covas em que repousam meus olhos
Repouso no meu sorriso sarcástico
Nas duras encenações do dia

Repouso em mim
Na ideia de mim
Repouso na busca infinita
De ver o Sol me sorrir

sábado, 2 de novembro de 2013

Água

Água que lava-me, leva-me daqui
Para onde haja paz e amor
Faz-me caminhar por verdes campos
Traz-me a paz sonhada
Faz-me voar com a brisa
Eleva-me ao sol para que me encha de luz
Faz-me escorrer como gotas de orvalho
Lança-me contra a terra
Faz-me renascer como flor.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

O GIGANTE ACORDOU CONFUSO

Vinte centavos bastaram para que uma revolta social se iniciar. Depois de muito silêncio, acomodação e apatia, o povo resolveu acordar. O problema reside na forma que ele acordou. Desorientado, desordenado. Seguindo pistas de internet que são manipuladas segundo quem as posta. Não se sabe mais o que se reivindicar. Por todo lado, partidos políticos tentam se infiltrar no movimento para defenderem seus interesses. O que acaba acontecendo? Mais rixas entre direita/esquerda. Entre PT/PSDB.

Ora, ora, que povo ingênuo que ainda não percebeu que são apenas legendas. A ideologia morreu há muito. O que difere um partido do outro é apenas a posição de cada um no momento político. Apenas temos situação e oposição. Não há na prática uma esquerda ou uma direita. E os centristas acabam sempre por adotar um dos lados (situação ou oposição). E ninguém quer "largar o osso".

É admirável a tentativa de seguir em frente sem se ligar a um partido específico. Afinal a luta é de todos por melhorias nos serviços básicos da nossa sociedade. Não deve ser uma luta de uma facção apenas e sim de toda uma nação. Mas sem uma liderança, sem propostas fixas num papel e levadas a serem discutidas nas instâncias correspondentes, como poderemos chegar a um consenso? Como podemos estabelecer um acordo viável se apenas são realizadas passeatas sem uma finalidade concreta? Já conseguimos chamar a atenção das autoridades. Agora é preciso organização. Uma segunda etapa do processo precisa se iniciar. Ou, como disse a ex jogadora de Vôlei Ana Moser em uma rede social, "vira Woodstock".

Da forma que as manifestações estão sendo conduzidas, corre-se o risco de perder-se uma oportunidade histórica de real mudança. De revolução. E ainda corre-se um risco maior de que a ordem seja abalada e que os poderes usem de força para se protegerem. Vimos esse filme no passado. Ele se chamou Ditadura Militar e ocorreu depois de um processo em que houve uma caça às bruxas desordenada por parte da população.

Não acho que Impeachment seja a solução. Não que a nossa "presidenta" (não existe esse termo, podíamos falar o português corretamente sem frescuras feministas) esteja fazendo um brilhante trabalho. Mas qualquer outro que venha em seu lugar não irá fazer grande diferença. Todos os nossos governantes do passado tem pecados e benfeitorias em seus currículos. Não existem anjos ou demônios na política.

A política é cíclica. Não podemos exigir que apenas um segmento ideológico exerça poder. É preciso equilibrar a balança. Então sejamos inteligentes e não fiquemos cegos à ideologias pois nossos governantes mesmos não o são.

Ao invés de implodir o prédio e recomeçar tudo do zero, podemos reformar a construção, aproveitando o que ela tenha de bom e modificando aquilo que já não presta mais. Reforma política sim. Com propostas sólidas, diminuição de privilégios políticos e negociações sobre aposentadorias e benefícios. Com investigações sérias sobre as ações e punições aos corruptos na justiça comum, sem a tal imunidade parlamentar que tanto nos prejudica.

Não será amanhã que teremos um país justo para todos os seus habitantes. Não resolveremos todos os problemas da nossa sociedade em poucos meses ou anos. Estamos engatinhando. Vamos reformar o país tijolo por tijolo. E vamos ficar de olho. Não adormeçam quando o furacão dissipar. O momento vai passar, mas a consciência política não pode morrer. Estaremos de olho!!!

quarta-feira, 19 de junho de 2013

A NOSSA PÁTRIA MÃE GENTIL DESPERTA

Não mais deitados eternamente em berço esplendidamente camuflado de falsos brilhantes. O povo está nas ruas. Não por 10 ou 20 centavos. Não apenas pela péssima qualidade dos nossos transportes. O povo luta para ser ouvido. Para findar o mar de corrupção, de regalias aos políticos, de falta de condições mínimas de segurança e saúde para a população e de uma cada vez mais deficitária educação.

A pátria das chuteiras começa a cansar de gritar gol para jogadores que assinam contratos milionários apenas para desfilarem de cuecas nas nossas redes televisivas. Enquanto estádios luxuosos e monumentais são erguidos, hospitais e escolas despencam com a falta de manutenção. Faltam cadeiras, telhados, ar-refrigerado. Faltam viaturas novas no centros policiais, faltam ambulâncias e profissionais capacitados para salvar vitimas nas estradas. Falta vergonha na cara dos políticos.

O senhor Ronaldo Nazário, ídolo de outrora, saiu com a infeliz declaração de que uma Copa do Mundo se faz com estádios e não com hospitais. Maravilha, parabéns. Você acaba de receber seu diploma de ignorância. Imagino então que ele não precisou de hospitais nem profissionais e recursos de última geração nas inúmeras vezes em que se lesionou com ou sem gravidade. Também suponho que os turistas que hão de enfrentar o transito caótico de nossas metrópoles e a ação violenta de marginais também não devem precisar de auxílio médico de qualidade. Afinal, depois do apito final, pouco importa o que ocorre do lado de fora dos estádios, não é verdade?

A parte triste desta história é ver que o povo continua animalesco, seguindo instintos primitivos e depredando bens públicos. No momento em que a violência é instaurada, perde-se a razão e enfraquece-se o movimento. Os vândalos que estão infiltrados no grupo dos revoltosos não são dignos de permanecerem atuantes no movimento. Merecem serem isolados da sociedade, mediante prisão. Não queremos explodir carros e destruir prédios públicos. Queremos o que nos é de direito.

Depois de anos de silêncio, o povo sente a necessidade do tornar-se Gigante Pela Própria Natureza. E se um filho teu não fugir à luta, veremos a história ser escrita em poucos dias. Força e paz. Que as vozes dos justos não seja jamais silenciada.

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Em Defesa da Família: Polêmicas e Conceitos Revistos

Tem sido crescente o número de religiosos no nosso meio político. E quanto mais cresce esse número, maiores são as polêmicas em torno da tal "defesa da família". O que soa como belas palavras, trazem na sua essência um perigo iminente de retrocesso na questão de direitos humanos e risco de alienação religiosa.

Em primeiro lugar, é extremamente nociva a combinação de política e religião. Interesses pessoais da ordem da fé não necessariamente entram em harmonia com os interesses das comunidades, nem com as suas necessidades. Um ser político é um representante do povo, deve procurar atender às necessidades da comunidade, não impor seus conceitos pessoais.

O palanque eleitoral não é altar.

Fico me perguntando qual é essa defesa da família que tanto se alardeia por aí. Afinal de contas o modelo atual de família não se resume ao de 50 anos atrás. Vemos pais ou mães que perderam seus cônjuges e criam seus filhos com todo o zelo, amor e carinho. Vemos casais homossexuais que enchem o lar de amor e educam seus filhos como poucos casais usuais. Vemos casais que decidem seguir sua jornada sem procriarem, e por escolha própria. Cada um destes estaria "fora da normalidade".

O divórcio é uma conquista. Obviamente, com a chegada do mesmo, algumas pessoas abusaram do direito de errarem em suas escolhas. Não se tem mais aquela responsabilidade em se escolher adequadamente a pessoa com quem você dividirá sua vida, pois não há mais a obrigatoriedade do "até que a morte nos separe". Porém pensemos em todas aquelas pessoas que foram obrigadas a viverem por toda a vida com o abuso, a violência ou mesmo o desrespeito. Apenas porque alguém decidiu que você tinha que suportar todos os males para não ser "mal visto" pela sociedade.

A união civil de casais homossexuais existe para garantir que, em caso de morte de uma das partes, a outra tenha direitos legais ao que ambos construíram juntos. Nada mais justo, uma vez que estas pessoas construíram juntas uma vida, um lar. Viveram por seu amor e merecem permanecer com aquilo que lhes custou o suor das faces para construir. Isso é o mínimo que se tem direito. Quanto aos casais que adotam filhos, que mal há em dar um lar cheio de amor para uma criança que perdeu sua família original, ou mesmo foi preterida pelos mesmos? Argumentos sobre a possibilidade destas crianças terem problemas nas fases seguintes da vida são completamente infundados. Seriam as crianças criadas em famílias tradicionais livres de problemas e até mesmo de traumas?

Quanto aos casais que decidem não terem filhos, estes sofrem grande pressão da sociedade. A família tradicional não aceita que pessoas decidam seguir vidas em conjunto sem gerarem herdeiros. Mas é um direito e uma escolha destes. Se os mesmo não se acham aptos à paternidade, ou mesmo não possuem o desejo pra tal, por que deveriam sentir-se obrigados a fazê-lo? Apenas para justificarem sua união perante a sociedade? Isso fere o livre arbítrio. Fere a liberdade de escolha e obriga pessoas inaptas a assumirem a função de genitores.

A defesa da família começa quando se zela pelo amor, respeito e união. Se existe tudo isso, este lugar pode ser chamado de lar, e essa formação de pessoas pode ser chamada de família. Quando falta um destes ingredientes, apenas temos um engodo.

Vamos rever nossos conceitos!!!