quinta-feira, 8 de setembro de 2011

11 de Setembro

Sozinha, no meu quarto onde minha companhia se resumia ao meu violão. Entre acordes e dedilhados, estudos em partituras, estava mergulhada em mim mesma. Foi então que liguei a pequena televisão que lá havia e me deparei com dois gigantes em chamas. Demorei a entender do que se tratava, até ser reprisado o exato momento do impacto. O violão, meu fiel companheiro, ficou de lado. Não havia sentido, naquele momento, retornar às partituras. O mundo mudava naquele instante.

Em um ato suicido-homicida, um avião é atirado contra um edifício de trabalhadores. Em partes, nos faz lembrar de Pearl Harbor, muito embora aquela fosse uma situação de guerra e o alvo eram militares com condições de se defenderem. O World Trade Center era um local de trabalho, onde pais e mães da família trabalhavam para garantir o sustento próprio e da família. Nos aviões usado como misseis, idem.

10 anos se passaram. A fragilidade do gigante do Norte foi exposta. Nunca mais ele foi o mesmo. Tornou-se amargurado, vingativo, psicologicamente frágil. A terra das oportunidades se tornou a terra das dificuldades, das quebras de banco, da quase recessão. Guerras infinitas, dívidas em moratória, filas de desemprego superiores às ofertas de trabalho.

A perseguição no mundo árabe culminou com a morte do terrorista, mas os efeitos do terror não foram extintos. Morreu o malfeitor, mas o mal ainda vive. Endeusada pelas mentes corroídas em lavagens cerebrais, a imagem do mal ainda paira no Universo, em forma de falsos profetas que disseminam uma falsa ideia de religião. Deturpando o sagrado, formam exércitos de zumbis dispostos a porem fim às suas próprias vidas para que os grandes permaneçam em seus palácios, cercados de luxo e riqueza em sua dominação sobre os mais frágeis de sua nação.

Muitos no mundo se negam a partilharem da dor das famílias do 11 de setembro. Negam-se unicamente por uma visão política, uma rixa entre ricos e novos ricos. Não vêem além de números para contabilizarem tragédias maiores ou menores. Pouco importa se morrem dois mil ou dois milhões. São vidas, seres humanos que realizavam suas tarefas diárias, que tinham sonhos. São gente, não números. Poderiam ser um de nós ou um dos nossos. Deveríamos pensar no individual, na mãe que perdeu seu filho, no marido que perdeu sua esposa, nos tios, primos, noivos, irmãos.

Um minuto de silêncio pelas vitimas dos atentados. O olhar voltado para onde hoje fica o Marco Zero. A história não pode ser refeita, mas pode se refazer a sociedade. Mesmo abalada, triste e machucada, a fênix ainda pode surgir das cinzas, fortalecida e, quem sabe, mais justa e humana. O mundo não será mais o mesmo. Ao menos podemos sonhar que ele se torne algo melhor.

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