quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Ao mestre, com carinho

Dia 15 de outubro é comemorado o dia do professor. Nada mais justo que esta profissão tão antiga tenha uma data comemorativa, especialmente para se fazer lembrar de quão importante é a figura do professor na nossa sociedade. Sem pieguices de querer fazer do professor um "salvador da pátria". O professor não é o Messias e nem deveria ser. Mas as circunstâncias às quais estes profissionais são colocados, fazem-os assemelhar-se à guerreiros solitários que lutam por causas aparentemente perdidas.

Turmas lotadas, acúmulo de funções, recursos escassos e remuneração indigna. Estas são algumas das condições dos mestres da educação neste país. Não é à toa que as Licenciaturas tem sido cada vez mais preteridas pelos alunos que prestam exames admissionais nas Universidades. Ser professor hoje é profissão de risco, e sem taxa de insalubridade. Esforços sonoros que provocam patologias nas pregas vocais, excesso de trabalho que os obriga a terminarem relatórios e correções em suas horas de folgas e fins de semana. O professor é um trabalhador em tempo integral.

Antes reverenciado como mestre, nos dias atuais a imagem do professor tem sido a de um serviçal, especialmente nas esferas particulares. Na base do "eu pago", o mestre vira vassalo que depende do seu senhor e portanto deve servi-lo como aquele bem entender se quiser manter-se empregado. E com a crescente violência social o professor ainda tem enfrentado as mais diversas formas de ameaça, incluindo o risco de morte.

Lembro-me bem da imagem maternal das professoras de primeiras séries. Ensinar tem se tornado cada vez mais um ato de amor. Afinal, que outro sentimento nos faz suportar tanto senão o sentimento maior de todos?  Embora não compartilhe da ideia de que os professores são substitutos dos pais, acredito que o mestre deve agir para o melhoramento do ser social. A educação deve partir das duas instancias, a familiar e a escolar.

Tantos exemplos podem ser encontrados na literatura ou nas artes cinematográficas de grandes mestres da arte de lecionar, sejam eles reais ou fictícios. Como não lembrar da figura de Sidney Poitier que retrata um professor negro lecionando para uma turma de brancos rebeldes. Lembrar de como aquele ambiente arredio de preconceitos raciais se transformou e deu lugar a um sentimento de adoração. Que bom seria se exemplos como este ocorressem nos dias atuais.

Educar é também uma arte. É preciso muita destreza para instruir as diferentes mentes que encontramos pelo caminho. Mentes com processos de aprendizagem distintos, bem como diferentes vivências. Diagnosticar e aplicar a metodologia ideal para cada indivíduo requer paciência e perseverança do educador. Conquistar a confiança dos mais rebeldes, requer empenho.

Obviamente na nossa jornada pela vida nos deparamos com professores que nos desagradam. Muitos destes, presos às velhas fórmulas que outrora pareciam eficazes. Atados numa atmosfera que não mais existe, devido a constante renovação social em que vivemos, estes mestres do passado tornam-se por vezes arrogantes e ultrapassados. Portanto, na arte de educar, o mestre deve estar sempre ávido pela renovação, pela reciclagem de conteúdos e métodos.

Aos mestres do passado, presente e futuro, obrigado por sua dedicação. Que possamos todos construir nações de pensadores livres. Que nos seja possível alcançar o respeito devido pela dedicação empregada na eterna busca pelo conhecimento. Dia do professor não é apenas uma data comemorativa do calendário. Dia do professor é todo dia que o mesmo dedica aos seus pupilos.

Parceiro: Casa da Musika

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