quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Nosso Castelo de Cartas

Começam a cair os reis da corrupção. Os fantoches caem primeiro e maior é a sua queda. Caem aos pares, aos trios e quartetos. Caem junto com a confiança de todos nós.

O primeiro a cair se prende à corda que segura os demais. Sabe que seu destino é o abismo, mas não irá sozinho. Levará consigo quem conseguir. Não são todos os que cairão. Mas ao menos veremos ser resgatada uma pequena parcela da dignidade perdida deste país de malandros e corruptos.

O escândalo foi um entre tantos outros. Outros esquecidos, perdidos no tempo e na memória dos presentes. Muitos se revoltam pelos julgamentos de hoje, mas estes são uma luz no fim do túnel para um amanhã melhor. Nossa história está fortemente marcada pela roubalheira e pelo descaramento dos nossos representantes políticos. Punir os culpados, mesmo que em sua minoria, é urgente e necessário se quisermos ter esperanças de um futuro mais digno.

Não se trata de uma questão partidária. Aliás neste país, partidos não mais do que siglas. Siglas que indicam o caminho que não será seguido pelos governantes. Os partidos pregam ideologias que nem eles mesmos sabem da real significância. Não existe o ideal político, e sim o desejo do enriquecimento próprio. Somos todos capitalistas, disfarçados, camuflados. O discurso é belo até que a realidade surge de fato.

O sistema de governo não muda devido ao partido no poder. O que deveria mudar era o foco das ações, mas estas também não mudam. E os vícios da corrupção são transmitidos como praga, peste, infecção social. Qualquer ação que tente controlar a contaminação é louvável. É preciso sim que os reis marchem para a guilhotina moral, que sejam despidos de sua honra perante a sociedade. Que sejam humilhados e levados à julgamentos que exponham suas piores faces. Precisamos de exemplos, de condenados que façam crescer o medo em nossos representantes atuais. Se não há o comprometimento com a justiça por força da moral, que se obrigue pela força da lei e do medo.

Não elevo os juízes ao nível de heróis. Eles estão cumprindo o papel ao qual foram destinados e trilhando o caminho por eles escolhido. Heróis são aqueles que travam batalhas diárias para manterem-se vivos. Aqueles que acordam todo o dia sem a certeza de que terão algo para comer ou beber. E estes heróis só existem em virtude da existência dos vilões que desviam milhões da nossa sociedade.

Os crimes do passado podem nunca virem a ser julgados. Mas isso não é desculpa para que deixemos de julgar os crimes mais recentes. Eles são os exemplos de amanhã, para que se iniba a corrupção, que se recupere a dignidade e a confiança do nosso povo em nossa política.

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