quarta-feira, 24 de abril de 2013

Em Defesa da Família: Polêmicas e Conceitos Revistos

Tem sido crescente o número de religiosos no nosso meio político. E quanto mais cresce esse número, maiores são as polêmicas em torno da tal "defesa da família". O que soa como belas palavras, trazem na sua essência um perigo iminente de retrocesso na questão de direitos humanos e risco de alienação religiosa.

Em primeiro lugar, é extremamente nociva a combinação de política e religião. Interesses pessoais da ordem da fé não necessariamente entram em harmonia com os interesses das comunidades, nem com as suas necessidades. Um ser político é um representante do povo, deve procurar atender às necessidades da comunidade, não impor seus conceitos pessoais.

O palanque eleitoral não é altar.

Fico me perguntando qual é essa defesa da família que tanto se alardeia por aí. Afinal de contas o modelo atual de família não se resume ao de 50 anos atrás. Vemos pais ou mães que perderam seus cônjuges e criam seus filhos com todo o zelo, amor e carinho. Vemos casais homossexuais que enchem o lar de amor e educam seus filhos como poucos casais usuais. Vemos casais que decidem seguir sua jornada sem procriarem, e por escolha própria. Cada um destes estaria "fora da normalidade".

O divórcio é uma conquista. Obviamente, com a chegada do mesmo, algumas pessoas abusaram do direito de errarem em suas escolhas. Não se tem mais aquela responsabilidade em se escolher adequadamente a pessoa com quem você dividirá sua vida, pois não há mais a obrigatoriedade do "até que a morte nos separe". Porém pensemos em todas aquelas pessoas que foram obrigadas a viverem por toda a vida com o abuso, a violência ou mesmo o desrespeito. Apenas porque alguém decidiu que você tinha que suportar todos os males para não ser "mal visto" pela sociedade.

A união civil de casais homossexuais existe para garantir que, em caso de morte de uma das partes, a outra tenha direitos legais ao que ambos construíram juntos. Nada mais justo, uma vez que estas pessoas construíram juntas uma vida, um lar. Viveram por seu amor e merecem permanecer com aquilo que lhes custou o suor das faces para construir. Isso é o mínimo que se tem direito. Quanto aos casais que adotam filhos, que mal há em dar um lar cheio de amor para uma criança que perdeu sua família original, ou mesmo foi preterida pelos mesmos? Argumentos sobre a possibilidade destas crianças terem problemas nas fases seguintes da vida são completamente infundados. Seriam as crianças criadas em famílias tradicionais livres de problemas e até mesmo de traumas?

Quanto aos casais que decidem não terem filhos, estes sofrem grande pressão da sociedade. A família tradicional não aceita que pessoas decidam seguir vidas em conjunto sem gerarem herdeiros. Mas é um direito e uma escolha destes. Se os mesmo não se acham aptos à paternidade, ou mesmo não possuem o desejo pra tal, por que deveriam sentir-se obrigados a fazê-lo? Apenas para justificarem sua união perante a sociedade? Isso fere o livre arbítrio. Fere a liberdade de escolha e obriga pessoas inaptas a assumirem a função de genitores.

A defesa da família começa quando se zela pelo amor, respeito e união. Se existe tudo isso, este lugar pode ser chamado de lar, e essa formação de pessoas pode ser chamada de família. Quando falta um destes ingredientes, apenas temos um engodo.

Vamos rever nossos conceitos!!!

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