segunda-feira, 3 de setembro de 2012

COTAS: O BRASIL PALIATIVO

A Lei das Cotas foi sancionada recentemente pela presidente Dilma. O que parece ser um avanço nas políticas públicas, me traz uma preocupação ainda maior com relação ao ensino. A anos as Universidades Federais estão acumulando problemas, sendo sucateadas. A cada nova turma, vemos profissionais mais despreparados sendo jogados no meio profissional. Me preocupa que esta seja apenas mais uma medida eleitoreira, mais uma forma de fazer os menos favorecidos servirem devotamente aos "pais e mães" que lhes atiram migalhas aos pés.

Os defensores das cotas, se baseiam no passado de escravidão para nos mobilizar e convencer-nos pela força da comoção. Que a história do Brasil é recheada de contos de fadas, isso não é mais segredo para a maioria. A Abolição da Escravatura foi apenas uma forma de se livrar dos problemas que era manter famílias inteiras de negros, com direito a alimentação, moradia e cuidados médicos. Nunca foi feito um programa que desse subsídios para que aquelas famílias pudessem caminhar com os próprios pés. Imagino a abolição como o final do filme Nemo da Disney. Os peixes conseguem fugir do aquário, mas estão todos presos dentro das bolsas plásticas. Alguns morrerão sem conseguirem a liberdade, outros que consigam sair das bolsas não terão como sobreviver em alto mar. Os negros sobreviveram, mas isolados em guetos.

A Lei de Cotas não está aí para reverter a situação que o nosso passado causou na população negra. Ela está aí para aumentar uma estatística que envergonha a nossa política. Porque na nossa política, números falam mais alto do que a realidade. E nas próximas eleições, todos vão exibir estes números de forma orgulhosa para exaltar os "avanços" nas políticas públicas do país. Aliás, esta também é uma opção mais barata do que simplesmente reformar a educação pública básica.

O Brasil é o país do paliativo. As verdadeiras reformas sempre são substituídas por medidas "provisórias" que acabam por se tornar "leis" e, consequentemente, são totalmente abandonadas dos planos políticos. A educação, a saúde, a segurança, as moradias irregulares, nada disso recebe a atenção devida dos nossos representantes. Aí vem os programas eleitoreiros, as Bolsas. E nós engolimos porque temos fome. Aceitamos porque os "arreios" que nos são colocados impedem-nos de enxergar outra solução. Apenas conseguimos visualizar aquilo que está na nossa frente, o "torrão de açúcar" que nos estendem frente aos nossos olhos.

Richard Bach escreve em seu livro Fernão Capello Gaivota: "Vê mais longe a gaivota que voa mais alto". Se alçarmos longos voos veremos o quão pequena é esta medida. Que não basta "jogar" as pessoas no ensino superior sem antes dar-lhes a devida preparação. Como chegarão o filhos das cotas nas universidade? Como sairão os profissionais formados neste sistema? Como estará o mercado de trabalho para estes? Será que não estamos apenas dando os peixes, e não ensinando-os a pescar? E quando o Sistema achar que já fez o bastante, como ficarão os seus órfãos?

Eu sou contra o sistema de cotas. Acho-o demasiado racista, politiqueiro e ineficaz para a formação de profissionais competentes. A educação se faz essencialmente nas bases. As esferas superiores são o complemento de uma base sólida. Não se constrói uma cobertura no 20º andar de um prédio se a fundação é fraca. É preciso urgentemente exigir que as escolas públicas preparem suas crianças e seus adolescente para a vida adulta. A partir deste ponto é que estaremos realmente aptos a formarmos profissionais em áreas diversas nas esferas superiores. Estes jovens precisam de base, de outra forma, serão apenas jogados na boca do leão para aprender a se livrar de lá por si sós. 

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