quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Pinheirinho: O Caso do Descaso.

Tropas de choque, bombas de efeito moral, balas de borracha. Uma comunidade destruída em questão de horas por força de uma ordem assinada em papel com tinta e sangue. O povo lutou, reivindicou seus direitos, mas a força bruta prevaleceu. Entre as lágrimas de muitos, a revolta surgiu. Incendiando a alma dos moradores e os carros e estabelecimentos comerciais que ali estavam postos. Tudo em virtude da falta de trato para questões delicadas que possui o nosso sistema.

Não é difícil encontrar casos neste país em que terrenos improdutivos e não utilizados pelos seus donos sejam tomados por aqueles que por necessidade invadem-os para ali residir. Com cidades cada mais mais "inchadas", a população menos abastada vai sendo comprimida em pequenos guetos e acaba por procurar soluções para viver mais dignamente. Por não possuírem poderio econômico, apossam-se destes terrenos e lá depositam o pouco que possuem. Com suor constroem suas casas e estabelecimentos comerciais, ainda que ilegalmente.

Os legais donos ignoram estes fatos. Não necessitam daquele terreno de imediato e portanto não reivindicam de imediato a posse. Mas a falência vos chega e todas as posses são necessárias para salvar o que puderem do patrimônio. Então aqueles posseiros que eram 10 multiplicaram-se em 1000. Ali, famílias se formaram e este fato não pode ser ignorado.

O direito legal dos reais donos não pode passar por cima dos direitos humanos. Não é direito invadir as casas que com tanto esforço foram construídas de forma brutal e estúpida. A falta de competência do nosso sistema e das pessoas que o operam gera um ambiente de guerrilha. De um lado moradores armados de paus e pedras. Do outro a força policial e toda sua magnânima estupidez. O caos impera.

Os políticos que tanto alardeiam em campanha o tanto de novas moradias que serão construídas emudecem nas horas críticas. Quem estava lá para remover dignamente aquelas famílias para novos e legais imóveis? Quantos foram os que dialogaram com aquela população para evitar as chocantes cenas de escavadeiras derrubando moradias, em meio ao desespero dos que nelas habitavam?

Nos chega agora a ONU tal como uma mãe que dá bronca num filho que acaba de fazer alguma bobagem qualquer. Um país cuja história tanto traz de lições quanto às questões de direitos humanos. Uma nação que vive sob o manto da "ORDEM E PROGRESSO". A ordem é a força e o progresso é privilégio de poucos. Mais uma vez mostramos ao mundo a nossa truculência.

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