quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Cultura x Mídia: A Música das Massas

Uma publicação polêmica circula nas bancas e é amplamente divulgada nas redes sociais. Na referida publicação, a música das massas é legitimada como sendo cultura. Mais ainda, diz que o nossos valores estão traduzidos na letra da referida canção. Mas será que as canções midiáticas e massificadas podem ser consideradas cultura?

Que a mídia controla o pensamento e, muitas vezes, as atitudes das massas, isso não se discute. Porém a produção musical de mídia é, na maioria das vezes, produto de consumação rápida. O que toca nas rádios incessantemente de janeiro à março, desaparece por completo em novembro ou dezembro. Em sua maioria, essa produção é descartável e sem alicerce que a façam enraizar-se verdadeiramente como cultura.

Existem muitas definições para a palavra "cultura". Porém, vale ressaltar que a cultura é um dos elementos que se utiliza para classificar a identidade de um povo. Como pode a "cultura de massa" identificar um povo se a mesma não possui identidade definida? Ela é algo hoje e amanhã não é mais, torna-se outra coisa que não tem relação nenhuma com o que era anteriormente. Pelo menos não no quesito estético ou mesmo da forma. Assemelha-se apenas pela explosão mercadológica.

Não que o mercado tenha que obrigatoriamente estar dissociado da cultura. A arte e a cultura também podem ser consumidos enquanto produtos, mas nem tudo o que é produto será arte ou cultura.  Para que o produto seja artístico, precisa ter relevância no futuro. Para ser cultural, necessita imprimir ou traduzir alguma característica de identidade de um segmento populacional.

Seria possível um produto artístico e cultural ser consumido em larga escala? Sim tal possibilidade é verdadeira. Porém a velocidade da produção artístico/cultural é incompatível com o que deseja a mídia de consumo. Por esse motivo, os produtos que trazem rótulos e embalagens chamativas, por vezes apelativas, e cujas letras são de fácil memorização são mais comercializáveis. Exibidos à exaustão, serão substituídos logo que perderem sua força no mercado.

É necessário que se diferencie o que é cultura, arte e mídia. O que está em alta e faz sucesso não necessariamente se enquadrará nas duas primeiras. A arte e a cultura são eternas, porém o que é de mídia logo cai no esquecimento.

Parceiro: Casa da Musika

sábado, 17 de dezembro de 2011

Quando a Humanidade Perde Seu Espaço Frente à Crueldade.

Cansei de ouvir histórias de violência. Animais arrastados, espancados até a morte. Crianças assassinadas por quem deveria protegê-las de todo o mal. Idosos indefesos, maltratados por quem é pago para cuidar da saúde deles. O seres deste mundo estão cada vez menos humanos. A violência e a crueldade estão muito presentes em nossa vida.

As vitimas são sempre aqueles que tem menos condição de se defenderem. A covardia dos seres deste mundo é tanta que os mesmos descarregam todo o mal que trazem em si nos que são mais fracos e que não tem condição de se defenderem.

Renato Russo cantava que "a violência é tão fascinante e nossas vidas são tão normais". O fascínio pelo cruel vem da falta de limites, esquecida em velhas lições que nos eram passadas quando crianças. A educação se baseia apenas no depósito massivo de conhecimento. O respeito aos seres vivos, à natureza e aos semelhantes é matéria riscada do nosso cotidiano.

Mais uma vez cito Renato Russo. "Hoje não dá. A maldade humana agora não tem nome... Gostaria de não saber desses crimes atrozes. É todo dia agora...". São meninas entre 12 e 14 anos que esfaqueiam uma colega e queimam-lhe as pernas. É uma assassina de cãozinho Yorkshire. Quem será capaz de impor limites à estes monstros?

Quando se comete violência em frente a uma criança, o que estamos ensinando a este menor? Como crescerá um ser que desde a mais tenra idade aprendeu que o maior e mais forte deve impor-se violentamente ao mais fraco e indefeso?

Precisamos trazer de volta os velhos valores de respeito, amor, cuidado. O mundo não precisa de depósito de conhecimento. Os novos meios fazem com que a informação esteja disponível para todos. Mas os valores que se perderam no passado é que devem ser matéria obrigatória na educação e na vida de todos. Não podemos viver e conviver com este caos humano. É preciso se revoltar, se manifestar contra toda e qualquer violência. Precisamos preservar a nossa humanidade.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Aos Músicos

Salve o dia em que se reverencia o trabalho daqueles que trazem melodia e harmonia para a nossa vida. Salve os que trabalham para levar divertimento aos demais. Dia 22 de novembro se comemora o dia da música. A data remete à padroeira dos músicos, Santa Cecília, mártir que utilizou-se da música para suportar a dor que os ferimentos mortais lhe causavam.

A música nos toma por completo. Quando menos esperamos, ela nos seduz e nos arrasta para seu leito melodioso. Envoltos em sua harmonia, hora consonante, hora dissonante, mergulhamos num mar de colcheias e semicolcheias, fusas e semifusas, mínimas e semínimas. As claves nos guiam por registro graves e agudos de frequências modulares que culminam na cadência perfeita da nossa existência.

No andamento da vida do músico, muitas vezes passamos por momentos Lúgubres, Tristesse. A necessidade obriga o músico a viver em Prestíssimo, entre aulas e concertos, estudos e partituras. Mas ao final do dia voltamos em Allegro porque o fazemos por amor.

Muitas pausas podem ocorrer na vida de um músico, ritardando a tão almejada estabilidade financeira. Se a pausa é de breve à longa, muitos acabam enveredando por outros caminhos, provocando uma cadência interrompida ou deceptiva. A necessidade pode afastar um músico de sua profissão, mas não consegue apagar o que na alma está marcado em Fortíssimo.

A todos nós que pela música vivemos. Temos o nobre trabalho de atingir a sensibilidade humana por meio da manipulação dos sons. Cada qual com o seu timbre característico levando a música aos corações humanos, seja pelo meio acadêmico, seja pelo meio da apreciação. A música sobrevive graças aos heróis que dela e por ela vivem. Que continuemos a nossa jornada musical sem que a mesma jamais chegue ao Fine.

Feliz dia dos músicos!!!

Parceiro: Casa da Musika

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Futebol: Paixão Sangrenta

Um time cai, um outro ri. Pelo riso se morre. Se mata pelo orgulho ferido de um time de futebol em declínio. Não são raros os casos de brigas entre torcidas organizadas que acabam por gerar tragédias. Não entendo a violência, tampouco uma violência gratuita que gira em torno de uma instituição, de um clube.

Sim o futebol é uma paixão. Aliás, quem de nós torcedores nunca xingou o adversário ou o juiz no calor de uma partida. Xingamos até os nossos próprios jogadores e técnicos. Também nos alegra fazer piadas bem humoradas acerca dos nossos mais respeitáveis adversários. É apenas rivalidade, e é bom que ela exista. Porém, dentro dos limites da razão.

Mas quando a paixão se torna uma patologia, se morre e se mata por um escudo, uma bandeira, um hino, uma camisa. Covardemente, os fanáticos agridem-se uns aos outros com armas de fogo, armas brancas, chutes ou pontapés. Balas de revólver tiram vidas e destroem sonhos. Deixam pais em luto e crianças órfãs. Selvageria muitas vezes televisionada.

Me recordo de um confronto entre torcidas da esfera paulistana de futebol. O estádio depredado por vândalos e assassinos em potencial que, armados com os destroços das cadeiras, matavam uns aos outros com pauladas.Que tipo de amor doentio é esse? Por que matar alguém que você nunca viu na vida, por causa de um time de futebol?

O sofrimento pela queda, eliminação ou decadência de um time não deve estar acima do repeito à vida. Não é justo abreviar uma vida por causa de uma rixa entre torcidas. Deveríamos acabar com as torcidas organizadas antes que as mesmas sejam responsáveis pelo fim do futebol.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

O Homossexualismo e a Intolerância.

Desde que pisamos neste universo e começamos a nos relacionar uns com os outros é muito provável que as relações entre seres do mesmo sexo já existissem. Ao passo em que os seres humanos iam se distinguindo dos demais animais, as relações afetivas foram adquirindo um carácter diferenciado que não se baseava apenas no sexo e necessidade de procriação. Da mesma forma, as relações homoafetivas foram se desenvolvendo na sociedade, porém abafada pelas regras impostas pelas normas e regimes na qual a sociedade firmou suas bases.

Foram necessários muitos séculos para que os homossexuais tivessem o direito de viverem sua orientação em sua plenitude. Ainda nos dias atuais prefere-se que os mesmos mantenham sigilo de suas ações. A hipocrisia faz com que muitos sequer liguem para a existência de gays ou lésbicas, desde que os mesmos não estejam inseridos em sua família e nem façam demonstração pública de afeto. O simples ato de beijar em público causa a revolta de muitos.

Alguns mantém dentro de si um grau tão elevado de intolerância que utilizam de violência física e/ou moral para tentar impor sua condição heterossexual aos demais integrantes da sociedade. Que dizer do tal estupro corretivo? Esta prática animalesca que visa por meio da violência sexual "curar" pessoas, mulheres preferencialmente, do homossexualismo. Que dizer também daqueles que simplesmente agridem verbal ou fisicamente um casal homoafetivo que está caminhando de mãos dadas numa rua?

Quando a intolerância vem de casa, uma situação que poderia ser facilmente discutida e entendida, pode ganhar ares de tragédia shakespeariana. Se as pessoas que compartilham o mesmo código genético e as mesmas memórias de vida não são capazes de tolerá-los, como podemos pedir que a sociedade como um todo  o faça? Sem apoio e muitas vezes sendo expulsos de casa, o caminho a seguir acaba por recair na prostituição.

Muitos são os que tentam "curar" o homossexualismo pela religião. Embora não consista na violência física ou moral, essa pratica é na verdade uma violência psicológica que tenta punir um suposto pecado e forçar o indivíduo a entender a sua própria natureza como sendo uma tentação demoníaca. Ao invés de "curado" o indivíduo fica reprimido. Suas funções biológicas continuam as mesmas, assim como seus desejos. Apenas os mesmos não são externados e são "controlados" por orações e penitências.

Só poderemos considerar a nossa sociedade como justa e igualitária quando a mesma for capaz de viver em harmonia com todas as suas diferenças, sejam elas de afetividade, religiosas, políticas, raciais, etc.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Cai o Rei de Espadas...

É o fim de mais uma ditadura. Mais uma nação que se levanta contra a brutalidade e monstruosidade de um ser que se diz humano. O espetáculo da violência foi visto e noticiado por todos os meios de comunicação conhecidos. Vimos um corpo ser exibido como troféu.

Foram 32 anos de governo. Muitos dos que participaram de sua perseguição sequer conheceram sua nação livre. O ódio cresceu dentro deles ao mesmo tempo que os mesmos cresciam. A liberdade tem um preço difícil de se pagar. Muitas vezes o valor pago é a própria alma.

Não há como louvar os acontecimentos que levaram a derrubar o ditador. Também não nos cabe julgar de nossas confortáveis nações as atitudes daqueles que cometeram tais atos. Louvar ou repudiar tais atos seriam um equivoco de nossa parte. Não se pode louvar o frio assassinato de um homem que já se encontrava dominado por completo. Não se pode repudiar um ato cometido por pessoas que na vida conviveram com o terror de perto.

Nos cabe apenas registrar que mais um ditador deixou de existir e torcer para que esta nação se erga livre e justa. Que a Líbia se fortaleça e que seus filhos a governem com sabedoria e bondade.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Ao mestre, com carinho

Dia 15 de outubro é comemorado o dia do professor. Nada mais justo que esta profissão tão antiga tenha uma data comemorativa, especialmente para se fazer lembrar de quão importante é a figura do professor na nossa sociedade. Sem pieguices de querer fazer do professor um "salvador da pátria". O professor não é o Messias e nem deveria ser. Mas as circunstâncias às quais estes profissionais são colocados, fazem-os assemelhar-se à guerreiros solitários que lutam por causas aparentemente perdidas.

Turmas lotadas, acúmulo de funções, recursos escassos e remuneração indigna. Estas são algumas das condições dos mestres da educação neste país. Não é à toa que as Licenciaturas tem sido cada vez mais preteridas pelos alunos que prestam exames admissionais nas Universidades. Ser professor hoje é profissão de risco, e sem taxa de insalubridade. Esforços sonoros que provocam patologias nas pregas vocais, excesso de trabalho que os obriga a terminarem relatórios e correções em suas horas de folgas e fins de semana. O professor é um trabalhador em tempo integral.

Antes reverenciado como mestre, nos dias atuais a imagem do professor tem sido a de um serviçal, especialmente nas esferas particulares. Na base do "eu pago", o mestre vira vassalo que depende do seu senhor e portanto deve servi-lo como aquele bem entender se quiser manter-se empregado. E com a crescente violência social o professor ainda tem enfrentado as mais diversas formas de ameaça, incluindo o risco de morte.

Lembro-me bem da imagem maternal das professoras de primeiras séries. Ensinar tem se tornado cada vez mais um ato de amor. Afinal, que outro sentimento nos faz suportar tanto senão o sentimento maior de todos?  Embora não compartilhe da ideia de que os professores são substitutos dos pais, acredito que o mestre deve agir para o melhoramento do ser social. A educação deve partir das duas instancias, a familiar e a escolar.

Tantos exemplos podem ser encontrados na literatura ou nas artes cinematográficas de grandes mestres da arte de lecionar, sejam eles reais ou fictícios. Como não lembrar da figura de Sidney Poitier que retrata um professor negro lecionando para uma turma de brancos rebeldes. Lembrar de como aquele ambiente arredio de preconceitos raciais se transformou e deu lugar a um sentimento de adoração. Que bom seria se exemplos como este ocorressem nos dias atuais.

Educar é também uma arte. É preciso muita destreza para instruir as diferentes mentes que encontramos pelo caminho. Mentes com processos de aprendizagem distintos, bem como diferentes vivências. Diagnosticar e aplicar a metodologia ideal para cada indivíduo requer paciência e perseverança do educador. Conquistar a confiança dos mais rebeldes, requer empenho.

Obviamente na nossa jornada pela vida nos deparamos com professores que nos desagradam. Muitos destes, presos às velhas fórmulas que outrora pareciam eficazes. Atados numa atmosfera que não mais existe, devido a constante renovação social em que vivemos, estes mestres do passado tornam-se por vezes arrogantes e ultrapassados. Portanto, na arte de educar, o mestre deve estar sempre ávido pela renovação, pela reciclagem de conteúdos e métodos.

Aos mestres do passado, presente e futuro, obrigado por sua dedicação. Que possamos todos construir nações de pensadores livres. Que nos seja possível alcançar o respeito devido pela dedicação empregada na eterna busca pelo conhecimento. Dia do professor não é apenas uma data comemorativa do calendário. Dia do professor é todo dia que o mesmo dedica aos seus pupilos.

Parceiro: Casa da Musika