quarta-feira, 31 de agosto de 2011

O Suicídio

Mais um corpo que cai. Um voo sem asas com consequências dilacerantes. Quem segue por esse caminho sabe que não há volta. Não se interrompe um corpo em queda livre de seguir seu triste trajeto. O caminho possui início e fim, mas o meio é imutável. O que fazer quando a vida parece não valer mais à pena de ser vivida, senão findá-la por meios próprios?

A solidão, o desespero. A ideia de que não há mais porque prolongar a existência, se a mesma é coberta de amarguras e não é possível enxergar além do enorme labirinto em que no encontramos. Certa vez ouvi que o suicídio é a forma de dizer a Deus: "não precisa me despedir, eu me demito". Desistindo de lutar, o corpo se entrega ao ar, ao mar, ao chão. Pulsos cortados, corpos que saltam, doses mortais ingeridas. A vida se esvai, de forma cada vez mais frequente na nossa sociedade.

Por que este gosto pelo mórbido? Por que essa sensação de impotência social? Por que se o único bem que carregamos desde o dia em que nascemos é o dom da vida? Bem este tão valoroso, tão imprescindível. Será que ignoramos a mão que se estende em nosso socorro quando estamos mergulhados na escuridão? Seria o poço tão profundo que se torna impossível a penetração da luz?

Me assusta perceber que somos tão frágeis. Que a linha que divide a sanidade e a loucura é tão tênue. A qualquer momento ela pode se romper e nos arrastar para um mundo sombrio e tenebroso, em que somos presas fáceis atormentadas pelos nossos próprios demônios. Quem sou eu para julgá-los, se estou no alto da minha racionalidade intelectual, analisando friamente os fatos que conduzem as pessoas ao desespero?

A ideia da desistência é perturbadora. E tantos o tem feito nos dias atuais. Parece-nos que a cada dia a vida vale menos à pena. Cada vez mais o suicídio se torna tentador. É urgente que saibamos estender as mãos àqueles que não encontram uma saída. É nos devido iluminar os passos de quem se encontra na escuridão. Não nos façamos de desentendidos. A vida dos outros também pode estar em nossas mãos.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Aos 27

Eis então que mais um talento se perde em tão pouca idade. Nada de novo quando se refere ao vilão desta história. As drogas são responsáveis direta ou indiretamente pela perda de alguns dos mais promissores talentos e também dos ícones já consagrados. Ao ter notícia sobre a morte de Amy Winehouse houve um choque pela perda da artista, mas também a certeza de que era só uma questão de tempo até que tal tragédia ocorresse.

Tristes coincidências são percebidas no caso. Amy se foi aos 27 anos, assim como foram também Jimi Hendrix, Janis Joplin, Jim Morisson, Brian Jones e Kurt Cobain. Assim como Janis Joplin, a influencia artística maior de Amy Winehouse era o Jazz. Curioso também é o fato de que a mãe de Amy se chama Janis, assim como a cantora ícone da geração hippie.

A fama tão sonhado por muitos revela-se difícil demais de lidar. Anestesiar as emoções por meio de drogas lícitas ou ilícitas parece a única forma que os gênios mais sensíveis encontram para suportar as pressões impostas diante da responsabilidade de manter-se no topo. Jovens são atirados no olho do furacão e espera-se que eles consigam sair por sí sós do turbilhão em que se encontram. Alguns conseguem fazê-lo. Outros arrastam-se por anos até que a tragédia por fim aconteça. Muitos são os que sucumbem rapidamente como a  chama de um fósforo que apenas necessita de um leve sopro para se apagar.

Não há maldição de fato, nem tampouco conspiração. Morre-se aos 27 como aos 42 ou 51. A flor mais delicada do canteiro é a que menos resiste às tempestades. Assim como os mais frágeis seres humanos não resistem às pressões da fama e por fim perdem-se nas drogas, no alcool ou nas enfermidades da mente.

Que a jovem vida perdida sirva de alerta para as outras vidas que se seguem. Que a arte não se perca diante dos escândalos. Que saibamos reconhecer e preservar o que de melhor há em mais uma vida que se esvai aos 27.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

A Amizade

Bem precioso, almejado por todas as criaturas. A amizade é uma doce relação que nasce com um pequeno gesto, às vezes até uma palavra. Quase impossível de se recordar o momento exato que originou tal laço, mas quando o mesmo é fortalecido fica ainda mais difícil de ser rompido.

A amizade verdadeira é como uma árvore. Começa à partir de uma pequena semente, plantada ao acaso por nós ou pelas circunstâncias da natureza. Rapidamente a semente torna-se uma muda, ainda frágil que precisa ser regada e protegida do sol ou chuva excessivos. Sobrevivendo aos primeiros invernos e verões, cresce e torna-se árvore que floresce e dá frutos. Conforme o tempo vai passando, as raízes tornam-se cada vez mais profundas de tal modo que mesmo se algum machado desalmado desferir um golpe fatal na bela árvore, não será capaz de desenterrar os profundos laços fincados no chão.

Ao longo da nossa vida, muitas sementes são plantadas. Muitas mudas crescem. Porém a vida com suas voltas e reviravoltas nos faz abdicar de algumas destas preciosas mudas para que possamos nos dedicar melhor a outras sementes, mudas ou árvores. Porém mesmo não fincando tão profundamente suas raízes, as mesmas mudas que passaram por nossas vidas nutrem nossas almas e dão sentido a nossa existência.

O coração humano é amplo e passível de encher-se de amor de maneira infinita, sem nunca transbordar, sem que se chegue a um limite. É sempre possível receber mais um amor em forma de amizade.

Aos amores que passam em nossas vidas e semeiam nossa existência com sua terna amizade, obrigada pela água que nos nutre e pelo amor que nos consola. Continuemos plantando nossas sementes e cultivando nossas mudas para que nosso jardim tenha as mais belas e diversificadas árvores.

terça-feira, 19 de julho de 2011

É Elano que se Aplende.

O futebol gera milhões, movimenta o mercado, atinge às massas. O Brasil é conhecido como a pátria de chuteiras, mesmo sem ter sido o responsável pela criação do esporte em questão. Porém, nos últimos tempos a publicidade tem sido mais importante que a arte dos gramados. No campo vemos um desfile exótico de penteados, cortes e cores variadas nos cabelos. Quando viramos a pátria da cabeleira?

O futebol tem se tornado algo insosso, monótono, burocrático. Toquinho pra cá, firula pra lá. Um drible aqui, outro acolá. Patos, Gansos, Periquitos, Papagaios, Manos, hermanos... Nem pênalti se sabe mais como cobrar sem utilizar paradinha, paradona ou outra esquisitice qualquer.

Rede Globo, Nike, quem manda no futebol brasileiro hoje? Ricardo Teixeira, cartolas, CBF envolvida em escândalos e CPIs. O mercado futebolístico que elege garotos como artigo de troca e vendem para várias partes do mundo como peças de importação. Só falta colocar taxas na alfândega.

Quem poderá então tirar a arte da lama?

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Orgulho de ser Nerd.

No passado eu me sentia meio outside. Achava que tinha de fazer um upgrade na minha imagem pra me encaixar aos demais. Navegando pelos sitios da imaginação, me via com muitos gigabytes de potência no meu HD interno, mas parecia que precisava de uma nova placa de video para externalizar toda a capacidade deste CPU. Depois de algumas atualizações no sistema, fui percebendo que não adianta ficar floodando por aí. É preciso mostrar conteúdo e selecionar bem os downloads que faremos na nossa vida. Até porque corremos o risco de pegar alguns bugs se nos relacionamos com sites pouco confiáveis.

Nos ups and downs da vida, o importante é sermos fiés às nossas configurações originais. Se por algum motivo formos pelo caminho errado, ainda podemos fazer um backup do sistema, pois as informações mais valiosas estão salvas e não podem ser deletadas. Se a coisa está lenta demais, podemos pedir ajuda ao gerenciador da nossa mente que irá nos mostrar quem está usando mais da capacidade do nosso organismo e nos ajudar a finalizar aqueles processos que não estão respondendo corretamente.

O certo é que a comunidade precisa de gente como nós, moderadores da informação, para repassar as utilidades e também as inutilidades deste mundo real que é por vezes tão virtual. Entre twetts e blogs, alterando o layout do universo.

Qualquer dúvida sobre o conteúdo deste post, favor reiniciar o sistema!!!

sábado, 21 de maio de 2011

O Dia em que o Mundo Não Acabou.

21 de maio de 2011, o dia em que o mundo não acabou. Harold Camping, um popular "John Doe", alardeou mundo afora que às 18 horas do dia 21 de maio de 2011 o mundo iria perecer, que as boas almas seriam levadas ao céu e que as demais permaneceriam vivas para sofrer todos os eventos apocalípticos que poriam fim a este planeta. Bom, devem haver bem poucas almas realmente boas, pois não se ouviu falar de nenhuma morte em massa de cidadãos em parte alguma deste mundo. Ou então o nosso ilustríssimo Camping apenas queria os tão sonhados 15 minutos de fama que tantos seres almejam nesta vida.

O mundo não acabou de novo. Boatos de fim do mundo não são raros. Diziam que em 1964 o mundo acabaria e que os negros iriam virar macacos. Um boato extremamente racista, diga-se de passagem. O ano 2000 também trouxe uma onda de falsas previsões apocalípticas. O boato ganhou força pelo não revelado 3º segredo da Virgem de Fátima aos três pastores da referida cidade no dia 13 de maio de 1917. Aliás esta não foi a unica vez que o nome da mãe de Jesus foi citado para tentar justificar o fim do mundo. Diziam muitos que, ao ver seu filho sendo crucificado, Maria teria agarrado dois punhados de areia e em meio a dor de ver o filho morto teria jogado a terra ao chão. O primeiro punhado se referia aos primeiro 1000 anos após o nascimento de Jesus e o segundo punhado seria referente aos 2000. Os dizeres seriam: "de mil passou, mas de dois mil não passará". Me corrijam se eu estiver errada, mas se o mundo acabou eu não percebi. Aliás, muito me intriga a referência do punhado de areia. Quem teria sido o "Rain Man" que teria contado 2000 grãos de areia nas mãos de Maria?

Interessante, eu e muitas outras pessoas já sobrevivemos a dois finais de mundo. Seja como for, ainda temos que conviver com os boatos de que em 21 de dezembro de 2012 o mundo encerrará seu ciclo. Só esperando para ver o que realmente acontecerá. Seja como for, o mundo continua a girar e nós temos que zelar por ele, pois se há alguém que representa algum perigo ao planeta somos nós seres humanos, com nossos hábitos destrutivos, predatórios e consumistas. A sombra do fim dos tempos paira na devastação da floresta amazônica, no aquecimento global, no buraco da camada de ozônio, na poluição do ar e das águas e no acúmulo de lixo neste planeta.

O apocalipse falhou, vamos voltar à realidade!

quinta-feira, 19 de maio de 2011

A Música e a Liberdade Sexual

No final dos anos 60, mais precisamente em1969 uma data bem sugestiva, era lançada uma canção que falava de amor e sexo chamada Je T'Aime... Moi Non Plus. Composta por Serge Gaingsburg e cantada em dueto por ele e sua amada Jane Birkin, a canção era uma narrativa do ato sexual com diálogos de amor e gemidos e sussurros. A canção havia sido escrita dois anos antes e a principio seria interpretada por Bigitte Bardot, ícone do cinema francês e símbolo sexual daquela geração. Mas Bardot achou a canção um pouco além dos limites da sensualidade e desistiu do projeto. A canção foi lançada e se tornou sucesso, embora tenha sofrido censura nas rádios naquela época.

Esta era a época do movimentos hippies, de paz e amor livre. Era de se esperar que uma canção ousada surgisse em meio a este movimento. Mas a sensualidade e mesmo a sexualidade da canção receberam um cuidado artístico. Melodicamente falando, a música traz uma linha bela, aguda e marcante. O texto é romantico, sem ser piegas nem se tornar vulgar. A construção musical como um todo a torna uma obra duradoura e icônica.

Nos dias atuais, os ideais de liberdade sexual tem-se confundido com promiscuidade. As canções tratam cada vez mais de temas sexuais, porém sem nenhum cuidado artístico. Existe uma tendência à vulgarização do ato sexual e a uma depreciação cada vez maior da figura feminina. Nos hits do momento, é comum ver as mulheres sendo denominadas de cachorra, rapariga, safada, etc. Enaltecem os atributos de nádegas e seios grandes e se utilizam de duplo sentidos nas mais pobres rimas que se possa imaginar.

A música serviu no passado para quebrar barreiras e tabus, falando francamente de assuntos polêmicos mas com objetivos artisticos. Nos dias atuais, a música é produto de consumação rápida e com um prazo de validade curto. É feita para ser consumida rapidamente e posteriormente ser descartada. Não há cuidado estético ou artístico. Não há levantamento de questões polêmicas que sirvam para gerar um debate acerca de questões morais, cívicas ou religiosas. Simplesmente se usa de uma combinação sonora e um texto pobre para vender o produto com uma embalagem chamativa, e quase sempre apelativa.

Mas será culpa que a culpa desta decadência se deve às revoluções sexuais das décadas de 60 e 70? Qual o limite entre a sensualidade / sexualidade e a vulgaridade?

Esta é uma linha tênue que deve ser tratada com cuidado especial. Nas artes este cuidado tem que ser redobrado, pois elas são formadoras de opinião. Acho importante que a música tenha sido uma porta para se discutirem questões sexuais, até porque são questões da natureza humana e devem ser exploradas na sociedade. Mas o sexo não se resume ao ato, nem tão pouco ao desejo carnal e instintivo dos seres vivos. Ele tem haver com relações humanas de afetividade e cumplicidade e, porque não, de religiosidade. Na Índia, o sexo é tido como arte que aproxima os seres vivos dos seres divinais. Se ensina a arte do prazer e do respeito mútuo.

Tantas outras canções exploraram a sexualidade sem que fosse preciso cair na leviandade. Não precisa ser apelativo para ser controverso. Não precisa ser depreciativo para ser rentável. Não se consegue ser artístico quando o único pensamento é mercadológico. É possível ser ousado sem ser apelativo ou vexatório.

Parceiro: Casa da Musika